evig: (chifres)
Juliet ([personal profile] evig) wrote2018-07-21 03:03 pm
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A série The End of the F***ing World e a (minha) adolescência [sem spoilers]

Eu pensei em começar esse texto mais ou menos assim: The End of the F***ing World tipifica, em dois personagens, sentimentos que todo adolescente sente.

Mas aí eu lembrei que nem todo adolescente era deslocado ou queria dar um soco nos pais, explodir a escola, fugir, tacar o celular no chão. Então eu pensei em começar assim: The End of the F***ing World tipifica, em dois personagens, sentimentos que a maioria dos adolescentes, os deslocados, sentem; embora a adolescência possa ser definida como um sentimento constante de errância. Mas eu esbarro sempre na minha experiência. Até pouco tempo, eu achava que isso que eu acabei de dizer era verdade absoluta, que todo mundo que passou por essa fase se sentia mal, errado, irritante e deprimido. Foi só sair um pouco da minha bolha pra perceber que as pessoas não estavam fingindo que estavam confortáveis em seus papéis. Então hoje eu preciso aceitar que , talvez, a maioria dos adolescentes consiga passar por essa fase confortáveis, se divertindo em irem contra os pais que nãos os entendem.

Então eu preciso reformular o inicio do texto sobre a série: The End of the F***ing World tipifica, em dois personagens, sentimentos que os deslocados sentem por toda a adolescência. Porque é isso, James é o esquisito que acha que é psicopata e quer matar pessoas (quem nunca pensou nisso?!) e Alyssa é a que sente raiva por tudo e tem uma incrível consciência da vida medíocre que a espera (novamente, quem nunca pensou nisso?!).
Primeiro, quero esclarecer que a série resolve essa possível psicopatia de James, o que me aliviou pra caralho, já que a premissa “psicopata que se apaixona” é ridícula. Eles não sentem empatia, portanto, não podem se apaixonar. O que as ficções sobre isso fazem é dar uma super força a um sentimento que nesses casos são tudo, menos amor. Mas não vou dar spoilers.

Alyssa é a força motriz da dupla e é quem toma a maioria das decisões. Adoro o prazer que ela tem em humilhar todo mundo só pelo prazer de ser a esquisita e dizer o que pensa. Claro que depois ela se arrepende porque magoou as pessoas, mas ela tem 17 anos, então esse sadismo juvenil é mesclado com a romantização que ela faz do pai ausente. Acho esse arco maravilhoso porque todo mundo tem um momento na vida que percebe que seus pais (um deles, ou os dois) são pessoas cheias de defeitos e que possivelmente foderam com o psicológico de seus filhos. Aliás, isso vale para o James, mas o caso dele é bem mais complicado… não quero dar spoilers.

Mas essa consciência dos defeitos dos adultos/pais não impede que eles vejam que de alguma forma, eles tentaram, falharam, mas tentaram.
O que mais me toca é que eles conseguem conforto um com o outro, nem tanto pelo romance, mas pelo apoio e empatia.

A série foi baseada na HQ de Charles S. Forsman que não saiu no Brasil.
A trilha sonora também é legal. E eu gosto do final, não quero uma segunda temporada.